Para reflexão:
A SEMANA QUE JÁ NÃO É
TÃO SANTA
24.3.2016
Ao longo dos séculos, a tradição
católica e judaica das festas da Páscoa e da Passagem, foi perdendo seu natural
sentido em face da comercialização dos eventos e da adesão incondicional das
pessoas aos apelos consumistas.
Criaram símbolos que justificam esses
apelos, e substituíram a natural reflexão que deve ser feita em torno da última
semana de Jesus na Terra, pela ideia de um grande feriadão onde devem
pontificar os excessos materiais de toda ordem, dando vazão à luxuria, à
vaidade e ao ego, e que vão desde o churrasco com cerveja até os shows musicais
onde desfila impunemente a esbórnia emoldurada pelas drogas degradantes da
dignidade humana.
Os supermercados lotados bem atestam
a fúria consumista, e as mesas se preparam para receber a fartura material em
muitos lares onde a indigência espiritual é visivelmente avassaladora.
As casas do interior transbordam de
pessoas “alegres” e ruidosas que, a pretexto do feriadão, vem trazer seu abraço
saudoso, amparado na preguiça que há de esticar o corpo cansado das lides
terrenas naquela rede à sombra da árvore da infância.
Presentes, mimos, lembranças...tudo
bem pensado, até a roupa da balada do sábado de aleluia é nova. Alguém
questiona - amanhã não se pode comer carne; é dia de jejum. A
liderança econômica então anuncia solenemente: para sexta-feira, já
temos peixe, camarão, lagosta e bacalhau. Quanta simplicidade!
Todos se preocupam com o jejum material,
esquecendo que o Mestre martirizado nos falava do jejum dos maus pensamentos,
das más palavras, das más ações.
Quanto ao sentido da festa...bom,
deixa pra lá, pois alguém já está atrasado para apanhar o ônibus que o (a)
levará a Nova Jerusalém. Lá verterá as lágrimas da emoção em ver aquele
homem justo ser crucificado sem nada de mal ter feito.
Voltará na algazarra de sempre,
esquecendo as inúmeras lições que o espetáculo deveria rememorar na sua mente
inundada pelas facilidades e atrativos materiais, certo de que os atuais
problemas do Brasil e do mundo não lhe dizem respeito - são problemas do
Governo!
E depois de uma noite cheia de
bebidas e tira-gostos, com som de qualidade duvidosa, deitará na cama macia de
seu egoísmo a espera de mais um dia do feriadão, sem lembrar-se que em Bruxelas
ou no Afeganistão alguém espera pela sua prece silente em prol da paz no mundo.
Santa semana!
NELSON RUBENS MENDES LORETTO
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